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Gênero: Poesia

Formato: 15 x 21 | Ano: 2020

Peso: 201 gr.

Páginas: 136 | Pólen  80 gr.

O vento continua, todavia. Este título, que move vigorosamente algo que em nós se orienta para a beleza, nos coloca diante do trabalho de dez poetas contemporâneos que vivem em Belém. Poetas em e não apenas de, como se poderia esperar numa antologia cujo critério de seleção parece ser inicialmente o local. Esse em não assinala somente a localização, o endereço de alguém em um determinado espaço geográfico, campo ou cidade, assinala também o modo próprio como esse lugar invade esse alguém, como progressivamente captura, chegando até os nomes, o lugar de origem. E, no fim, lançados num hibridismo, na mistura de raízes e galhos, copas de árvores, pássaros e luminosidades, nos deparamos com o que nos sobra: a linguagem e o amor. Só assim somos, nessa espécie de nudez na qual nos descobrimos, capazes de atravessar, com esses poetas, os ventos que sopram por toda parte: “vento no rosto”, “sons graves nos ventos”, “telhas de nuvens e paredes de ventos”, “fios de água com sons ao vento”, “vento de areia”, “morfina do vento”,  “tudo que o vento dispersa a guerra destrói”. Outra palavra que se repete aqui com insistência e se articula, de modo fino, com a palavra vento, é, como já poderíamos supor a partir do título, a palavra “voz”: “para então fazer a voz avançar na direção / sul / do corpo […] no corpo em seu estado eólico / de sopro e harpa.” Mas a voz aqui também comparece sem qualquer possibilidade de afinação, anterior à palavra, e jamais capturada por ela. Essa voz, “peixe escuro na garganta”, pode ser a tempestade (“O poema é diminuto e a tempestade imensurável”) ou pode ser o “silêncio maciço”, “enigma, da superfície ao fundo, vulto / transparente atravessando o véu do tempo / […] círculo invisível em volta de seu próprio /mistério – eterno, terreno, intocável, aéreo.” São “dez vozes da poesia contemporânea em Belém”, são dez vozes muito singulares atravessadas pelo pertencimento a uma só cidade. O trânsito entre elas não é fácil, pois o “mais ligeiro embaralhamento da voz / muda a poesia e o contexto”. Todo trânsito de uma voz a outra, com seu tempo intermediário de hibridismo, nos faz experimentar “mudanças sísmicas” ou, para usar as palavras de outro poeta, “o choque de placas tectônicas”. E, no entanto, seguimos na leitura sem nos esquecer dos versos seguintes do poema: “onde as cartas indicam ilhas dispersas / o continente submerso se unifica”. Ao longo da leitura desses poemas, de uma leitura insistente, às vezes a favor, às vezes contra o vento, muitas vezes “no banco traseiro da vida”,  vamos entrando no livro, preparando o mergulho para o qual somos desafiados, pois nesses poemas tudo “tem a ver comigo / tem a ver com você.”  Simone Brantes 

O Vento Continua, Todavia – dez vozes da poesia contemporânea em Belém – Org. Andreev Veiga

R$35,00
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Formato: 15 x 21 | Ano: 2020

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O vento continua, todavia. Este título, que move vigorosamente algo que em nós se orienta para a beleza, nos coloca diante do trabalho de dez poetas contemporâneos que vivem em Belém. Poetas em e não apenas de, como se poderia esperar numa antologia cujo critério de seleção parece ser inicialmente o local. Esse em não assinala somente a localização, o endereço de alguém em um determinado espaço geográfico, campo ou cidade, assinala também o modo próprio como esse lugar invade esse alguém, como progressivamente captura, chegando até os nomes, o lugar de origem. E, no fim, lançados num hibridismo, na mistura de raízes e galhos, copas de árvores, pássaros e luminosidades, nos deparamos com o que nos sobra: a linguagem e o amor. Só assim somos, nessa espécie de nudez na qual nos descobrimos, capazes de atravessar, com esses poetas, os ventos que sopram por toda parte: “vento no rosto”, “sons graves nos ventos”, “telhas de nuvens e paredes de ventos”, “fios de água com sons ao vento”, “vento de areia”, “morfina do vento”,  “tudo que o vento dispersa a guerra destrói”. Outra palavra que se repete aqui com insistência e se articula, de modo fino, com a palavra vento, é, como já poderíamos supor a partir do título, a palavra “voz”: “para então fazer a voz avançar na direção / sul / do corpo […] no corpo em seu estado eólico / de sopro e harpa.” Mas a voz aqui também comparece sem qualquer possibilidade de afinação, anterior à palavra, e jamais capturada por ela. Essa voz, “peixe escuro na garganta”, pode ser a tempestade (“O poema é diminuto e a tempestade imensurável”) ou pode ser o “silêncio maciço”, “enigma, da superfície ao fundo, vulto / transparente atravessando o véu do tempo / […] círculo invisível em volta de seu próprio /mistério – eterno, terreno, intocável, aéreo.” São “dez vozes da poesia contemporânea em Belém”, são dez vozes muito singulares atravessadas pelo pertencimento a uma só cidade. O trânsito entre elas não é fácil, pois o “mais ligeiro embaralhamento da voz / muda a poesia e o contexto”. Todo trânsito de uma voz a outra, com seu tempo intermediário de hibridismo, nos faz experimentar “mudanças sísmicas” ou, para usar as palavras de outro poeta, “o choque de placas tectônicas”. E, no entanto, seguimos na leitura sem nos esquecer dos versos seguintes do poema: “onde as cartas indicam ilhas dispersas / o continente submerso se unifica”. Ao longo da leitura desses poemas, de uma leitura insistente, às vezes a favor, às vezes contra o vento, muitas vezes “no banco traseiro da vida”,  vamos entrando no livro, preparando o mergulho para o qual somos desafiados, pois nesses poemas tudo “tem a ver comigo / tem a ver com você.”  Simone Brantes